terça-feira, agosto 07, 2007

Afinador para que? Só para “afinar-a-dor”?



Conversando com um “sax-brother” do Pará, ele me perguntou sobre afinação. Sua dúvida era a seguinte: Porque quando afino os graves, os agudos não afinam? Ou porque quando afino os agudos os graves não afinam?


Respondi dizendo: Eis aí uma espinha no calcanhar da maior parte dos saxofonistas.


Também passei por esse mesmo problema, principalmente no início de minha carreira profissional, tanto com gravações e em apresentações ao vivo, já tinha uma certa habilidade técnica, mas pouco preocupado com afinação. Com o passar do tempo, com vários desencontros na afinação entre graves, agudos e super-agudos, achei a solução: descobri o afinador !!!! Pois é, num breve momento achei o remédio da minha vida saxofonística, um afinador!!!!


Foi realmente “afinar a dor”, minha dor só afinou, como se afinar, seria somente curar a dor (risos).


Logo percebi a dor que tinha afinado, você deve estar se perguntando: como assim Wagner?


Veja bem, para o saxofonista que está tendo esse problema, o pior dos casos achar que um afinador vai resolver seu problema, assim como também achei. Psicológicamente, esse aparelhinho, joga contra você, e não vai resolver em nada, já tive algumas “crises” com isso.


Liguei para o meu antigo professor para conversar sobre isso, e ele disse que a solução desses desencontros na afinação entre graves e agudos, estariam nos estudos harmônicos. Aceitei o conselho, e quando desliguei o telefone pensei:


Porque o afinador, não resolveu meu problema?


Pensei.....Testei......Pensei......Testei......Pensei novamente.......e Testei por diversas vezes............e..................


Minha conclusão foi a seguinte:


O afinador causa um desvio psicológico na resolução desse problema. Veja bem esse desvio psicológico:


Quando colocamos o afinador na nossa frente e sopramos, em quase 90% dos casos, sopramos de forma diferente daquela forma que usamos para tocar pra valer. Perceba como aquele ponteirinho, ou aquela “luzinha verde” nos seduzem a soprar diferente.


Então mexemos a boquilha pra lá e pra cá, tocamos uma nota no agudo e conseguimos afinar, mas quando vamos pros graves, a notas não afinam, e nesse tempo, começamos a brigar com nossa embocadura. E por fim, você pode até ter afinado, mas...............com uma embocadura diferente daquela que usa para tocar.


E quando se vai tocar, a embocadura já mudou de novo.


Daí, nesses casos, o “AFINADOR” não nos serviu de nada, e jogamos contra o nosso próprio ouvido, ou seja, quando estamos tocando pra valer, ouvimos que não estamos afinados, mas pensamos: como? Se eu afinei com o afinador?


Aconteceu-me em alguns pequenos momentos no ínicio, uma “loucura”, de achar que todos os outros instrumentos estavam desafinados (risos), posto que, eu tinha a certeza que meu sax tinha afinado com o afinador. E nesses casos de “loucura”, você estará bem afinado com a dor da desafinação (risos).


Sem falar que tendo esse problema, daqui a pouco você vai achar que o problema, ta no seu sax, em alguns casos pode até estar mesmo, mas depois que o sax volta do luthier, o problema persiste.


Como resolver este problema?


Só estudos de notas longas harmônicas, com variação nos volume de piano à fortíssimo.


Porque como você poderá perceber, ou quem já estuda notas harmônicas, já deve ter percebido isso, tocando notas harmônicas, uma mexida considerável na sua embocadura, a nota já muda sem você querer. Daí a correção da sua embocadura para não ter mais variações na afinação, se dará no fato de tocar em vários volumes diferentes.


Pense nisto !!!!