quinta-feira, junho 04, 2009

Ensaio sobre "Dom-Dim"








Dom-Dim







Meu primeiro contato com essa escala, foi estudando um dos temas do então inovador e saxofonista Charlie Parker, em K.C Blues, uma forma de blues de 12 compassos, padrão sem muitas substituições, o K.C Blues se apresenta dessa maneira:




Como vemos, na forma acima, marquei o 4º compasso com um quadrado pontilhado, um simples A7 9b, onde de uma forma mais simples se costumam a aplicar o dom-dim como por exemplo:



Formas de aplicações da dom-dim bem encontrado.

Mas nesse pequeno ensaio sobre “dom-dim”, gostaria de evocar uma forma diferente e desfragmentada de tocar, afim de explicar outros caminhos.


Porque falo isso?


Até então via dom-dim apenas nesse 4º compasso de blues, ou num outro acorde M7 9b, mas estudando e analisando, minha segunda descoberta, foi quando estudei o KC Blues, onde Charlie Parker, me ilustrou uma forma sobreposta, seria tocar a dom-dim, em cima de acordes M7 vide o exemplo:




Veja que interessante, Charlie Parker aplicou sem ter a necessidade de passar por toda a escala dom-dim de D. Bom, ele pôde ter pensado de várias formas, talvez em interpolação das notas que compõe o acorde de D7, será? Então vamos analisar:


Vide essa forma de interpolação com as notas do acorde de D7:



Vejam que as notas que estão fora do círculo, são as notas do acorde de D7, será que Charlie Parker já estaria ingressando no sistema “Slonimskyano”?

Vejamos a coincidência:


Interpolação, linguagem Slonimsky:



Seria coincidência?

Assistindo um workshop do saxofonista Bob Franceschini com o David Richards, quando ainda alçava pequenos vôos na improvisação, há muito tempo atrás, eles falavam que Charlie Parker vivia com livros dos eruditos debaixo do braço, e que muitos riam dele.


Bom se é lenda ou não, não sei, mas que essa frase do Charlie Parker me faz deduzir que seu pensamento e forma de aplicar já se avançava aos padrões do bebop tradicional.


Uma outra pedida:


Ouçam esse cara, Miguel Garcia, tem algumas músicas no myspace dele que “GENIAL-MENTE”, nas músicas abaixo ele usou alguns outros modos, para tencionar o acorde.


www.myspace.com/miguelgarciacomposer


Músicas:


- Fome e sede de Perdão (no fim da música, tem um solo de guita synth)


- Icabode ( nos solos do inicio e fim da música também com a guitarra synth, ele desenvolveu um sistema sintético para essa música).


O tempo ia passando, e quando olhava para dom-dim, era um caso de amor, e pensei:

Bom, se posso compor pensando nas escalas maiores e menores, porque não compor tendo como foco a Dom-dim.


Pensava: Se ela fosse de passagem, então gostaria que quando chegasse a hora de passar por ela, gostaria que o tempo parasse, para usufluir mais dessa escala, mais de seus desdobramentos, mais de seus caminhos.

Então observa-a, e comecei a ver tríades maiores, menores, com toda suas inversões, inversões de acordes desfragmentados de vários campos harmônicos, percebi também que a dom-dim é composta também por trítonos, abaixo escrevi com o C pedal:




Vejam que cada grau, pôde formar seu trítono.


Sem me ater muito a falar de sua função e desdobramentos harmônicos, até para não se extender, com isso qual é minha proposta nesse pequeno Ensaio?


Seria de abordarmos, de forma diferente a dom-dim, fugindo dos licks tradicionais, sem subir e descer a escala, usa-la de forma desfragmentada, e como isso seria possível?


Cada instrumento, tem sua particularidade técnica, tem “vantagens e desvantagens” em relação a outro instrumento.


Para que isso seja possível, eu fazia o seguinte:


Ficava horas tocando essa escala, tentando fugia do sobe e desce, tocava e tocava!!


Pegava os playbacks, mesmo os temas de blues, e só tocava naquele compasso que me interessava, 4º e 5º compasso, sendo 2 digitações de Dom-dim diferentes.


Pode ter certeza, seu fraseado ganhará novas cores!!


Como não sou uma boa pessoa para escrever minhas próprias frases, a intenção não é criar novos licks, mas abaixo escrevi algumas frases que sempre toco:



Antes de você formar essas frases no 4º e 5º compasso da escala de blues, pegue cada uma isolada, com seu instrumento, fiquei tocando e tocando, sempre alterne o modo de começar e o modo de terminar.


Não preciso nem falar que no blues, você poderá já no 1º compasso a explorar a dom-dim, sendo o primeiro acorde uma dominante.


Tenho certeza que seu solo ganhará outros e misteriosos caminhos!


Gravei com um playback do jamey aebersold um Blues in F (tonalidade do piano), para ouvirem de fato como funciona e como soa o fraseado da Dom-dim, principalmente do 1º ao 6º compasso num blues.


Acessem:

www.myspace.com/wagnerbarbosax


Aulas de improvisação pelo skype:


Wagnerbarbosasax



contato:


wagner.barbosa@yahoo.com.br

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