quarta-feira, dezembro 26, 2007

Um bate-papo com o saxbrother João Pipe, e a "saxgirl" Patrícia ....parte 1


João Pipe:

"olá wagner venho lendo muito seu blog,,também ja vi vc tocar co o pixinga.parabéns,,então na matéria sobre matematica que vc escreveu entendi assim se tenho uma escala de E7+ faço o arpejo 1357 e depois saio da outra terça( no caso na terça ab)???"


É exatamente isso. O próximo arpejo sairia da terça. Depois sairia da quinta, e assim sucessivamente.



Patrícia e João:


O Ciclo das quintas nos ajuda a passar pelos 12 tons, numa forma crescente de acidentes (sustenidos e bemóis) a cada escala que toco, vai surgindo apenas “1” acidente diferente. É como aprender e executar um sustenido ou bemol diferente, de cada vez.


Exemplo:


Começaremos pelo C. Depois que tocarmos todos os exercícios que estamos aprendendo aqui no blog, e os mais que você tenha aprendido e criado. Podemos perguntar o seguinte: Qual a próxima escala que devo abordar?

Daí entra o ciclo das quintas. Se eu já estudei o que sei na escala de C, então estudarei a quinta de C, Qual é a quinta nota de C Wagner? Justamente o G.


Qual a diferença entre a escala de C para a escala de G?

Apenas uma nota.


Na escala de C todas as notas são naturais, enquanto na escala de G existe 1 sustenido, o F#.



Depois que estudar vc tocar os exercícios da escala de G, parto para a próxima escala. É nessa hora “a próxima escala”, que uso o ciclo das quintas como orientação. Por isso esse desenho abaixo na forma de um relógio.





Aí sigo para a escala seguinte. Qual a 5º nota de G Wagner? o D, e assim siga esse nosso relógio como orientação para tocar os 12 tons.



Veja que é uma forma didática bem interessante, principalmente para iniciantes.


Espero ter esclarecido o lance do famoso: "O Ciclo das 5º quintas" (rsss..)

domingo, dezembro 16, 2007

"saxbrothers"

Oi João Pipe e Patrícia.......

Tenham um pouquinho de paciência, que nesses últimos dias, tenho trabalhado bastante, mas não esqueci de vocês não. Nessa semana, postarei as respostas.

E "Wa-leu" pela presença de vocês no blog, isso me incentiva a continuar escrevendo, e postando novas matérias.

Patrícia, sou de São Paulo. Leciono aulas particulares, e também aulas via net, se tiver msn, me adicione:

wagner_barbosa_sax@hotmail.com


Até mais "saxbrothers"

terça-feira, agosto 07, 2007

Afinador para que? Só para “afinar-a-dor”?



Conversando com um “sax-brother” do Pará, ele me perguntou sobre afinação. Sua dúvida era a seguinte: Porque quando afino os graves, os agudos não afinam? Ou porque quando afino os agudos os graves não afinam?


Respondi dizendo: Eis aí uma espinha no calcanhar da maior parte dos saxofonistas.


Também passei por esse mesmo problema, principalmente no início de minha carreira profissional, tanto com gravações e em apresentações ao vivo, já tinha uma certa habilidade técnica, mas pouco preocupado com afinação. Com o passar do tempo, com vários desencontros na afinação entre graves, agudos e super-agudos, achei a solução: descobri o afinador !!!! Pois é, num breve momento achei o remédio da minha vida saxofonística, um afinador!!!!


Foi realmente “afinar a dor”, minha dor só afinou, como se afinar, seria somente curar a dor (risos).


Logo percebi a dor que tinha afinado, você deve estar se perguntando: como assim Wagner?


Veja bem, para o saxofonista que está tendo esse problema, o pior dos casos achar que um afinador vai resolver seu problema, assim como também achei. Psicológicamente, esse aparelhinho, joga contra você, e não vai resolver em nada, já tive algumas “crises” com isso.


Liguei para o meu antigo professor para conversar sobre isso, e ele disse que a solução desses desencontros na afinação entre graves e agudos, estariam nos estudos harmônicos. Aceitei o conselho, e quando desliguei o telefone pensei:


Porque o afinador, não resolveu meu problema?


Pensei.....Testei......Pensei......Testei......Pensei novamente.......e Testei por diversas vezes............e..................


Minha conclusão foi a seguinte:


O afinador causa um desvio psicológico na resolução desse problema. Veja bem esse desvio psicológico:


Quando colocamos o afinador na nossa frente e sopramos, em quase 90% dos casos, sopramos de forma diferente daquela forma que usamos para tocar pra valer. Perceba como aquele ponteirinho, ou aquela “luzinha verde” nos seduzem a soprar diferente.


Então mexemos a boquilha pra lá e pra cá, tocamos uma nota no agudo e conseguimos afinar, mas quando vamos pros graves, a notas não afinam, e nesse tempo, começamos a brigar com nossa embocadura. E por fim, você pode até ter afinado, mas...............com uma embocadura diferente daquela que usa para tocar.


E quando se vai tocar, a embocadura já mudou de novo.


Daí, nesses casos, o “AFINADOR” não nos serviu de nada, e jogamos contra o nosso próprio ouvido, ou seja, quando estamos tocando pra valer, ouvimos que não estamos afinados, mas pensamos: como? Se eu afinei com o afinador?


Aconteceu-me em alguns pequenos momentos no ínicio, uma “loucura”, de achar que todos os outros instrumentos estavam desafinados (risos), posto que, eu tinha a certeza que meu sax tinha afinado com o afinador. E nesses casos de “loucura”, você estará bem afinado com a dor da desafinação (risos).


Sem falar que tendo esse problema, daqui a pouco você vai achar que o problema, ta no seu sax, em alguns casos pode até estar mesmo, mas depois que o sax volta do luthier, o problema persiste.


Como resolver este problema?


Só estudos de notas longas harmônicas, com variação nos volume de piano à fortíssimo.


Porque como você poderá perceber, ou quem já estuda notas harmônicas, já deve ter percebido isso, tocando notas harmônicas, uma mexida considerável na sua embocadura, a nota já muda sem você querer. Daí a correção da sua embocadura para não ter mais variações na afinação, se dará no fato de tocar em vários volumes diferentes.


Pense nisto !!!!

sexta-feira, junho 08, 2007

Matemática a seu favor !!!!!!

Quando comecei a estudar com um saxofonista de jazz, fiquei encantado com seu fraseado em vários tons, e como não tocava e nem tinha o costume de estudar em certos tons, meu próprio limite me desanimava.

Daí, conheci vários padrões de aprendizado, estudando no ciclo das 5º quintas, que é o mais recomendado para iniciantes, pelo fato de mudar uma nota por vez. Veja o exemplo começando pela escala de C:







Note que o segundo exemplo, já usando a equação dos ciclos das 5º quintas, portando G é a 5º nota de C. Esse segundo exemplo se da então na escala de G. Entre a escala de C e a escala de G, o que muda é que na escala de C o F é natural, e na escala de G, o F é sustenido (#). Por isso que para o iniciante esse ciclo das 5º quintas, é o mais recomendado.



E um outro estudo interessante é a abordagem de meio em meio tom, que é o que mais gosto, porque me exige mais, e também me dá mais liberdade técnicamente na hora do improviso.

Segue alguns exemplos:




Ou em arpejos maiores com 7+




Esses dias meu aluno me perguntou: “Wagner, como faço para transportar uma frase de G para o tom de A?”.


Com certeza me veio na hora a lembrança, de quando estudava e não conseguia também enxergar além do tom, ou ainda mais, quando eu não via a matemática nas frases. Sempre ouvia falar que a música também é matemática, mas não conseguia ver os números. E no começo tinha uma dificuldade enorme de transportar. Mas quando comecei a estudar harmonia, e começar a ler as notas, como graus/números, comecei a notar os números. Tríade (T 3º 5º) . E tétrades (T 3º 5º 7º ).

Ou seja tenho uma escala de 7 notas.




Então ficava treinando os arpejos, vamos por exemplo pegar E7+:









Quando subia meio-tom, tinha que fazer a mesma montagem (T 3º 5º 7º) só que no de F:






E assim seguia para os 12 tons, tinha que sempre pensar qual era a 3º terça dessa, qual era a 5º quinta da outra, e qual era a 7º sétima. (risos)


Depois de um tempo fazendo esse mesmo exercício de pensar, ficou tão automático, que quando toco ou estudo, o fato de pensar nos graus/números é a mesma coisa de eu pensar nas notas em si.


Minha dica, para quebrar esse paradigma de mudanças de tons:

Pense nas escalas quando você estiver num ônibus, tomando um banho, ou até mesmo naquele trânsito, tipo “Sexta em Sampa”, brinque com os números dentro das escalas.

Perguntas como essas:


Qual é a terça de Ab?

Qual é a quinta de Eb?

Qual é a Sétima de C#?

Qual é a 9º nona de A?

Depois vai dificultando......

Qual é a 6b de Ab?

Qual é a 11# de G?

Quantas vezes eu não fiz esses exercícios mentais no ônibus ao voltar do trabalho. Boas lembranças tive agora (risos)

Depois desses exercícios mentais, verá que não terá mais tanta dificuldade em querer fazer uma frase em vários tons.

quarta-feira, junho 06, 2007

Sempre um bate-papo !!!!

Recebi um e-mail muito interessante, perguntando sobre a didática do ensino de não se tocar a escala somente de tônica à tônica.


Eis o e-mail:


Olá , meu nome é "................" , Achei pertinente sua explicação em seu blog, sobre escala . Só gostaria de debater , se vc me permitir , é que seguindo a forma de se executar a sequência como vc defende , vc não está ensinando, a um aluno (inicial) , a dominar a escala de determinado tom, modo, ou escala pentatônica, árabe maior ou menor ou até memso a escala blues . A escala é a forma de pôr os tons e semitons numa ordem natural, porém, distinta ; começando o saxofonista a executar sempre uma escala pela nota mais grave dessa escala descaracteriza tal escala , é importantíssimo numa improvisação dominar a escala que se deseja explorar , da forma como ele é encontrada por exemplo :
Ré menor dórico : começara pelo Si, deixa de ser dórico e passa a ser lócrio .
concorda ?
aguardo resposta .
Abraços



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Resposta:


Pertinente sua dúvida.............


Seguindo o "contexto da explicação do blog", onde deixo claro na qual existe momento para tudo, e que nesse momento da explicação, o foco é: O avanço ou o desbloqueio "técnico/mecânico" de se abordar uma escala somente de tônica à tônica, e uma forma do saxofonista conhecer todo o instrumento. Considero e até uso como metáfora, que a parte física do instrumentista é a parte técnica/mecânica !!!!

Agora num fraseado de uma improvisação, posso começar, descansar e terminar pelo B(si) normalmente tendo como harmonia o Ré dórico, inclusive é a nota que dá o tempero dessa harmonia.

Tendo no contexto a minha "não explicação" dos modos gregos, foi pensando justamente em não complicar o iniciante. Fazendo-o primeiramente tocar e conhecer o instrumento, para depois explicar o que iniciante ja toca, e que ja não tem dificuldade de enxergar. Sendo portanto uma questão simples de "situa-lo" harmônicamente.

Teóricamente o que é um fraseado?

É uma combinação de notas dentro de uma estrutura harmônica, e com uma rítmica.

Meu modo de tocar e de ensinar é uma confluência da "liberdade do jazz". Sendo assim, não tenho no meu improviso, e não gosto, a prerrogativa "de ter que" começar e/ou terminar o meu fraseado dentro da estrutura de Tônica 3º 5º 7º.

Por isso a importância de ter a liberdade técnica, ter o instrumento na mão, porque o mais, é coisa SIMPLES e FÁCIL!!!

É questão só de "linkar", dentro de um bate-papo!!!

Abraços "........." e fiquei contente com sua dúvida.


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Para mais informações e dúvidas:

wagner.barbosa@yahoo.com.br


Novas músicas no meu myspace:

www.myspace.com/wagnerbarbosax


E ja está a venda, o DVD que gravei com Celso Pixinga, O Jogo:

http://www.editorahmp.com.br/sitenovo/produto_novo.asp?shw_ukey=39199182815SKTNAB5

domingo, abril 15, 2007

Equacionando







No artigo anterior, falei sobre o mito de abordar as escalas somente de tônica à tônica, e as implicações de não se abordar toda a extensão do saxofone, desde as notas mais graves as mais agudas que conseguir.


Agora podemos falar de como abordar técnicamente, ou na nossa linguagem saxofonística: mecânicamente, qualquer escala, é como equações matemáticas. Os padrões e formas de abordagens são os mesmos para qualquer escala, e arpejos, por exemplo na escala de C (C, D, E, F, G, A, B), usaremos a linguagem de 4 em 4 notas, sempre começando pela nota mais grave (vide a legenda das cifras):



e assim segue até as notas agudas .




Podemos fazer de outro modo nessa mesma equação de 4 em 4 notas, mas de forma descendente:



e assim segue......




E para descermos, faremos da seguinte maneira:



e assim descemos até o B grave.



E podemos descer, com essa mesma equação, de forma diferente ao exemplo acima:





O mesmo exemplo na escala de D:




Ou, de uma outra forma usando a equação de 4 em 4 notas:







E para descermos:


e descemos até o nosso B grave.




Ou podemos descer de outra forma:





Agora essa equação de 4 em 4 notas na Pentatônica.

Pentatônica de C:




Ou até mesmo os arpejos, por exemplo:

C7+:



Essa forma de equacionar a abordagem e consecutivamente o estudo de qualquer escala, arpejos, é que podemos localizar onde está ocorrendo a deficiência, ou seja, em qual região do instrumento que você ainda não tenha facilidade de tocar. Gosto muito desses estudos, de tocar trecho por trecho, porque você acaba virando o seu próprio professor, e você começa a ter consciência de seu nível técnico.



Lembro-me que no começo desse meu estudo, eu particularmente tinha muita dificuldade nos graves, daí escolhia uma determinada escala e arpejo, e ficava repetindo.

Acho interessante focar o estudo, tudo tem sua hora, e para a evolução técnica também tem sua hora, como um corredor de uma São Silvestre, sem a parte física bem treinada, e em dia, o corredor não terá êxito na corrida, ele pode ter uma boa respiração, concentração, mas se isso não estiver alinhado a parte física, não chegará muito longe.

No próximo artigo continuarei a falar sobre abordagens.



*
Cifras:

C = Do
D = Ré
E = Mi
F = Fá
G = Sol
A = La
B = Si




contatos:

e-mail:
wagner.barbosa@yahoo.com.br

Youtube:
myspace:

Msn:
wagner_barbosa_sax@hotmail.com



Matéria sobre o cd BOSSA-JAZZ de Celso Pixinga, na qual participei de uma das faixas:http://www.coverbaixo.com.br/view.asp?PLC_cng_ukey=39122124155YJK5PG8

terça-feira, abril 03, 2007

Visualisando o Saxofone








Quero começar nessa minha primeira matéria, falando sobre o mito de tocar escala só com o propósito de conhecer as notas da escala, sem se dar conta da extensão de todo o saxofone, por exemplo:



Geralmente quando começamos a tocar a escala, iniciamos pelo o nosso C grave, e daí tocamos até o C 8º acima ou 2 - 8º acima, e descemos “bonitinho”, e terminamos no C grave novamente.




E nisso segue para todas as escalas que tocamos, para conhecer as escalas e etc. Só que nessa entramos no vício de não abordar todo instrumento quando estudamos qualquer escala, daí quando se vai improvisar não enxergamos toda a extensão da escala no saxofone. No exemplo abaixo eu abordo a escala de C, começando pela nota mais grave do instrumento (*vide no fim do texto a legenda das cifras), exemplos:


E assim segue abordando de 8 em 8 notas.


O mesmo exemplo só que na escala de F:


E assim segue para os agudos, toque até onde for mais confortável de início, e depois avance gradativamente para os “super-agudos”.


Lembro que um cara chegou para estudar comigo, e como de costume, fiz várias perguntas sobre seus conhecimentos, e dentre essas perguntas, disse-lhe: “.....” toque para mim a escala de A. Prontamente ele começou a tocar de forma crescente a escala

Logo pedi para tocar desde a nota mais grave à nota mais aguda que ele conseguia da escala de A, nas primeiras notas graves já surgiu a falta de conhecimento de toda a extensão do instrumento, se eu fosse pedir de escalas como de Ab, ou de C#, com certeza a coisa complicaria mais ainda.


Quero enfatizar que a abordagem de escalas nessa fase, deve ser estudo técnico não importando a sonoridade melódica! O uso melódico de escalas se dará no tempo de seu estudo de improvisação com play-backs. Ora isso tem implicações técnicas muito grande, de tal modo que quando enxergo toda a extensão de qualquer escala no instrumento, na hora de improvisar, não ficarei evitando certas regiões do saxofone, muito pelo contrário, só aumentará minhas opções de criação.


*Legenda

C = Dó
D = Ré
E = Mi
F = Fá
G = Sol
A = La
B = Si

Na próxima matéria continuarei a falar sobre abordagens e alguns padrões.


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Matéria sobre o cd BOSSA-JAZZ de Celso Pixinga, na qual participei de uma das faixas:
http://www.coverbaixo.com.br/view.asp?PLC_cng_ukey=39122124155YJK5PG8